BETWEEN PRESENCE AND ABSENCE
The exhibition is titled Absence, but it can also be considered as the traces of a presence. It shows the possibility of working with loss through and in painting. It also reveals the intrinsic character of the work itself, of becoming something else – of going further, indicating directions and pointing towards an outcome. Immersed in the process of each painting, engaged with its possibilities and demands, Nick Rands also proceeds to reveal new possibilities of addressing loss, however minimally, through his work.
The exhibition consists of 65 paintings measuring 12 x 12 cm, and a limited-edition box of prints.
The purpose of this group of work was to use painting to instil a degree of importance, to restore and recreate traces of the fragility and transitory nature of human life. Working for the first time in more than 40 years with the foundations of what he learnt at school, the artist has returned to oil painting from observation, directly onto the canvas without any preparatory drawing.
They are paintings of details of clothing – real garments, traces of the person who wore them – framed with a window and depicted on the same scale. Each painting depicts a different garment, based on personal choice, without much analysis. Travelling between Brazil and France, at one stage Nick thought of working from photographs rather than the real objects, but soon discovered that the process was completely different: instead of traces of presence or absence, there was little but neutrality and emptiness.
Initially intending to produce a single painting from each garment, he now reveals a wish to return to some of the models and consider them from different angles. So the series is now virtually endless – any change will probably be suggested by the work itself in its own time.
Each painting has its own unique aesthetic value: less like chapters of a book and more like individual poems, he suggests. The subject matter indicates a direction of reading, but we cannot ignore their truly painterly characteristics as well: the intensity of depiction of detail, the suggestion of different textures and properties of the fabrics themselves, such as opacity and transparency, lightness and thickness, fluidity and roughness, conveying their tactile qualities; and also the deep sense of colour as an element of painting.
The series as a whole is highly evocative. Displayed more or less in the order in which they were painted – the only criterion for showing them in sequence without betraying their deeper meaning – the pictures reveal a long and intense engagement with loss.
As the series progressed, the artist rediscovered the plastic qualities of oil painting, which he describes as a “magical process”, connected to figurative painting, to which he has always felt some attraction, despite previously having worked with abstraction. “With a few brushstrokes, something begins to take shape”, he says.
Oil painting, working from observation, figuration and small formats mark a new stage in his work. Previously the process was almost automatic, making marks with fingers on surfaces painted with pigments collected from the earth by the artist himself. He compared that process to navigation, stating that it was important to know where you started from and where you were going: what happened on the way needed less reflection; they were automated gestures that only needed small corrections of direction. The new series establishes major differences in the artist’s poiesis and creative process in relation to earlier work. Dimensions have changed radically, from large pictures often bigger than one square metre, to small canvases measuring little more than 10 cm. This format offers a degree of intimism, encouraging a “good distance” for viewing that requires neither stepping back to see the whole, nor moving closer to look at the details.
The prints in the Fragments of Absence series relate to the paintings but with some key differences. The same number of images, ink-jet printed on paper the same size as the paintings and presented in a box, each print has a direct relationship with the corresponding painting but is made using a smaller framing window, capturing a small extract of the painting: window within a window, detail of a detail, each print appears almost abstract.
The experience of making those prints may be what lies behind the artist’s desire to paint even smaller pictures: to immerse himself in the real object of the model? Or something else, something new, not yet made? Only the work itself, guiding and guided by the hand of the artist, can answer those questions.
Icleia Borsa Cattani
November 2016
A return to a way of painting all but abandoned more than 40 years ago. Oil paint on canvas. Painting from direct observation. Looking at an object and translating movements of the eye into movements of the brush. Trying to depict what is in front of you as faithfully as possible.
Precious things; things you want to keep for their affective value.
Small pictures, because if they’re good enough size shouldn’t matter – you need to look closely, become intimate with intimate things, precious like jewels.
Painting is a slow, laborious process: testing colours, adjusting shape and proportion, a sustained process of looking, making marks as equivalents of the model, correcting, balancing, putting things in and taking things out, trying to remember how to do it, remembering from lessons taught and lessons learned. A painting takes a long time, so it needs to be something significant, something of value. And by investing all that time and effort the subject matter acquires greater significance and value. Depicting something in oil paint on canvas adds a certain weight to it. You can change the subject matter, leave bits out, emphasize parts, restore a frayed, faded garment or mend the cracks and chips in treasured ceramics: remove the signs of aging and mutability. Perhaps more memento vivere than memento mori.
Nick Rands, 2016
ENTRE PRESENÇA E AUSÊNCIA
Intitulada Ausência, essa mostra também pode ser pensada como vestígios de uma presença. Ela evidencia a possibilidade de elaboração da perda que se constrói pela e na pintura. Nela, também se constata a propriedade intrínseca da obra, de tornar-se outra coisa – de ir mais longe, de indicar caminhos e de apontar para um devir. Mergulhado na instauração de cada pintura, imerso nas suas possibilidades e demandas, Nick Rands também vai à frente e descortina novas possibilidades de prover à falta, ainda que minimamente, pelo seu trabalho.
A exposição é constituída por 65 telas de 12 x 12cm e de uma caixa com gravuras em edição limitada.
O objetivo desse conjunto de obras foi de atribuir certo peso, resgatar e recriar pela pintura os vestígios daquilo que é frágil e transitório, a vida humana. Nelas o artista retomou, pela primeira vez em mais de quarenta anos, os fundamentos da sua formação escolar: pintura a óleo, observação do real, motivo elaborado diretamente na tela, sem desenhos prévios.
Elas são pinturas de detalhes de roupas – roupas reais, vestígios do ser que as habitou – sobre as quais o pintor coloca uma janela (espaço vazio recortado em papelão) do tamanho das telas e transpõe para a pintura exatamente o que se encontra no interior da mesma. Cada pintura foi realizada tendo por motivo uma vestimenta diferente, a partir de uma escolha afetiva e sem muita racionalização. Morando entre o Brasil e a França, Nick as transporta consigo. Inicialmente, cogitou usar a fotografia para substituir as peças reais, mas uma única tentativa bastou para que constatasse que o processo diferia totalmente – não transparecia nesse processo, nem presença, nem ausência, nem vestígio, mas um campo neutro.
A ideia inicial era realizar uma única tela com cada roupa, mas agora o artista revela o desejo de retornar aos modelos já pintados para abordá-los sob outros ângulos. Trata-se, portanto, de uma série virtualmente sem fim – a própria obra indicará provavelmente sua mudança em algum momento.
Cada tela possui valor estético e é única: elas não são como capítulos de um livro, mas como poemas. Sua temática indica uma direção de leitura, mas não podemos ignorar, também, suas qualidades propriamente pictóricas: a agudez na representação dos detalhes, a sugestão das diferentes texturas e qualidades próprias aos tecidos, como opacidade e transparência, leveza e espessura, fluidez e rugosidade, atribuindo qualidades táteis ao representado. Do mesmo modo, importa o sentido profundo da cor como elemento pictórico.
A série como um todo possui, também, grande poder de evocação. Expostos na ordem em que foram pintados – único critério possível para dispô-los em sequência, sem trair seu sentido mais profundo – os quadros evidenciam um longo e aprofundado processo de elaboração da perda.
Ao mesmo tempo em que prossegue na série, o artista redescobre as qualidades plásticas da pintura a óleo no que descreve como um “processo mágico” que une à pintura figurativa, pela qual sempre se sentiu atraído, embora trabalhasse anteriormente com a abstração. Declara que “ao cabo de algumas poucas pinceladas, algo já começa a se definir”.
A tinta a óleo, a pintura de observação, a figuração, os pequenos formatos marcam uma nova etapa no seu trabalho. Antes, seu processo era quase automatizado, marcando pontos com o indicador em superfícies previamente pintadas – utilizando unicamente pigmentos feitos de terras, colhidas pelo artista, as vezes com base acrílica. Ele aproxima esse processo anterior à navegação, afirmando que o importante era saber de onde sair e onde chegar: o que acontecia no meio do caminho não necessitava muita reflexão, eram gestos automatizados que só demandavam pequenas correções de rumo.
Nas novas séries, se instauram grandes diferenças na poiética do artista e na poética das obras, em relação às precedentes. As dimensões foram radicalmente alteradas, de grandes telas que frequentemente ultrapassavam um metro quadrado, a pequenos suportes de pouco mais de dez centímetros de lado. Esse formato permite ao artista certo intimismo, promovendo uma “boa distância” do olhar, em que não necessita se afastar para apreender o todo, nem se aproximar para executar os detalhes.
As impressões Fragmentos de Ausência, por sua vez, embora se refiram às pinturas da série Ausência, apresentam diferenças marcantes em relação a essas. No mesmo número das pinturas, impressos em papéis da mesma dimensão daquelas, são impressões em jato de tinta, acomodadas em caixas. Cada gravura possui uma relação direta com a pintura correspondente. Todavia, ela é feita a partir de uma janela menor, colocada sobre a tela para extrair um pequeno trecho da mesma: janela da janela, detalhe do detalhe, cada gravura apresenta-se quase abstrata.
Talvez motivado por essa experiência, o artista revela o desejo de pintar telas cada vez menores: mergulho no objeto real que serve de modelo? Ou outra coisa, algo novo, ainda não feito? Só o próprio trabalho, guiando e sendo guiado pela mão do artista, poderá trazer as respostas.
Icleia Borsa Cattani
novembro de 2016
Um retorno a um modo de pintar quase abandonado há mais de 40 anos. Óleo sobre tela, feito da observação. Olhando o objeto e traduzindo o movimento dos olhos em movimentos do pincel. Tentado recriar o mais fielmente possível, o que está à frente.
Coisas preciosas, que você quer manter por causa de seu valor afetivo.
Pinturas pequenas, porque se elas forem boas, o tamanho não deverá importar – você precisa olhar de perto, tornar-se íntimo de coisas íntimas, preciosas como joias.
Pintar é um processo trabalhoso e vagaroso: testar as cores, ajustar as formas e as proporçōes, um processo de buscar equivalentes do modelo. Corrigir, avaliar, colocar e tirar coisas, tentar recordar como se faz, rememorando liçōes ensinadas e aprendidas.
Uma pintura requer uma longa dedicação, por isto ela precisa ser alguma coisa significante, ter algum valor. Por exigir este investimento e esforço, o tema escolhido adquire maior significado e valor. A pintura a óleo acrescenta um certo peso ao tema escolhido. Você pode mudá-lo, deixar algumas partes fora, evidenciar outras, restaurar uma roupa desgastada, desbotada, ou consertar as rachaduras e lascas de cerâmica preciosa: remover os sinais de envelhecimento e mutabilidade. Talvez mais memento vivere do que memento mori .
Nick Rands, 2018
Nick Rands, b. 1955 Chester, UK.
Studied Fine Art at Reading University and Art Education at Bristol University/Bristol Polytechnic.
Taught art in UK and Botswana before working as art-gallery education officer. In 1992 he was Southern Arts-Brazil Exchange artist to Porto Alegre, Brazil. Moved to Brazil in 1998, and in 2016 moved to Caunes-Minervois, France.
SOLO EXHIBITIONS
2022
3000 e outras terras
Galeria Gestual, Porto Alegre RS Brazil
Line by Line Peintures / Dessins 1992 - 2022
La Table des Vignerons, Trausse, France
Rue Joseph Sicard, Caunes Minervois, France
Ausência
L’anciennne boulangerie, Caunes Minervois, France
Hillfield/Arborizada
Rue Joseph Sicard, Caunes Minervois, France
2021
Dix terres a la recheche d’un système perdu
Rue Joseph Sicard, Caunes Minervois, France
Greencat gallery, Caunes Minervois, France
2018
Lost Rivers Mosaic Paintings
8 Melior Street, London, UK
Horizontes Terrestres revisited
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2017
Horizontes Terrestres
ESPM, Porto Alegre, Brazil
2016
Ausência
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2015
Neckinger River Levels
Bermondsey Yard, London
2012
Um Quadrado no Rio Grande do Sul
Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre, Brazil
2011
Um Quadrado no Rio Grande do Sul
Museu de Arte de Santa Maria, Santa Maria, Brazil
A Gente
Museu do Trabalho, Porto Alegre RS, Brazil
2009
ChromaLife
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2008
ChromaLife
The Brick House, Brick Lane, London
2007
Obras Fotográficas
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2005
…and still counting…
Bermondsey Street Studio, London
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2004
Painting by Numbers
Galeria Gestual, Porto Alegre RS, Brazil
2003
Where the sea meets the sky
Fotogaleria, Porto Alegre Brazil
2001
Mud Works
Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, RJ Brazil
Fundação Cultural de Criciuma, Criciuma SC Brazil
Pinturas
Fundação Cultural de Curitiba, PR Brazil
Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre RS. Brazil
Earthly Spheres
The Winchester Gallery, Winchester, UK
2000
Pinturas
Pinacoteca da Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brazil
Eye Levels
Galeria Iberê Camargo, Usina do Gasômetro, Porto Alegre,
1999
Esferas Terrestres
Torreão, Porto Alegre, Brazil
1998
Earthly spheres
Warehouse, Norwich, UK
Watching the waves/Sowing the seed
Windsor Arts Centre Windsor, UK
1996
Grizedale Forest Painting residency
Gallery in The Forest, Grizedale, UK
Line by Line
Evreham Iver, Bucks, UK
1995
Line by Line
Isambard Brunel School. Portsmouth, UK
1994
Line by Line
The Peveril Centre. Eastleigh, UK
Atrium Gallery. Bournemouth University UK
Windrush Leisure Centre, Witney Oxon, UK
Bridgemary Community School, Gosport, UK
South Hill Park Arts Centre. Bracknell, UK
1992
Staying in Line
Bedales Gallery, Petersfield, UK
Upstairs Gallery, Upton Park. Dorset, UK
Instituto de Artes UFRGS Porto Alegre, R.S. Brazil
1982
Photographic Pieces/Timed Activities
Axiom Centre, Cheltenham, UK
GROUP SHOWS
2022
Haverá consequências
Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão-RS Brazil
Digital graffiti 2022
Alys Beach, Florida USA
2020
du neuf à Caunes
Caveaux de l’abbaye, Caunes Minervois, France
2019
Ailleurs
La Tuilerie Saint Joseph, La Livinière, France
2017
Paintings from somewhere else
Youngblood, Cape Town, South Africa
2016
Digital Graffiti 2016
Alys Beach, Florida USA
2015
Ocupando Lucas 21
Galeria Gestual, Porto Alegre RS Brazil
2013
Magmart | international videoart festival
Casoria Contemporary Art Museum, Naples, Italy
Digital Graffiti 2013
Alys Beach, Florida USA
7 Billionth Citizen
Townhouse Gallery, Cairo, Egypt
Solent Showcase Gallery, Southampton, UK
Anglia Ruskin University, Cambridge, UK
Mamute Galeria, Porto Alegre, Brazil
2012
Des | Estruturas
Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, Brazil
2011
8th Mercosul Biennial
Porto Alegre/RS Brazil
2010
Digital Graffiti
Alys Beach, Florida USA
DIGIT 2010
Narrowsburg, New York, USA
Silêncios e Sussuros
Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, Brazil
2006
Um olhar fotográfico
Fundação Vera Chaves Barcellos, Porto Alegre, Brazil
2004
Heterodoxia
MASC Florianópolis – SC Brazil
1+1+1
Museu da Gravura, Bagé, RS Brazil
2003
1+1+1
Galeria Gestual, Porto Alegre RS Brazil
Um território da fotografia
Galeria dos Arcos, Usina do Gasômetro, Porto Alegre,
III Salão National de Arte de Goiás
Goiania, GO Brazil
24º Salão de Arte de Riberão Preto
Riberão Preto, SP Brazil
2002
III Salão de Porto Alegre
Usina do Gasômetro Porto Alegre RS Brazil
II Salão National de Arte de Goiás
Goiania, GO Brazil
II Salão de Arte
UNI-BH, Belo Horizonte, MG Brazil
Forest
The Southern Arts Touring Exhibition Service, UK
2000
Bah-zart
Obra Aberta Porto Alegre RS Brazil
II Salão de Porto Alegre
Usina do Gasômetro, Porto Alegre
1999
Chart
Angel Row Gallery, Nottingham, UK.
Coletiva
Obra Aberta, Galeria Chaves, Porto Alegre
1998
Sticks
The Southern Arts Touring Exhibition Service, UK.
1997
The Space of the Page
Henry Moore Institute, Leeds, UK.
1996-7
Repetition
Corn Exchange Newbury, UK
Winchester Gallery, UK
The Gantry, Southampton UK
Milton Keynes Crafts Guild UK
Artsway, UK
Nuova Icona, Venice, Italy
Cacco Zanchi, Aalst, Belgium
1995
Words
Aspex Gallery Portsmouth, UK
Artspace
Square Tower Portsmouth, UK
1994
Art Kites
Milton Keynes Kite Festival. Milton Keynes, UK
1993
On Paper
Contact Gallery, Norwich, UK
Repetere
Solar dos Camara, Porto Alegre RS Brazil
1992
East End Open Studios
Deborah House, Hackney, London, UK
1990
Artists in Botswana
National Gallery of Botswana. Gaborone, Botswana
1984
R.W.A. Annual Exhibition,
Royal West of England Academy, Bristol, UK
1982
Group Photography 2
Axiom Centre, Cheltenham, UK
1978
Wessex Artists
Southampton City Art Gallery, UK
PHOTO: EDUARDO AIGNER